Como um ser assim delicado encontra espaço para alargar suas raízes brancas, que foram bruscamente plantadas na terra dura? A planta precisa que as folhas morram, que sequem, para que as raízes cresçam. Morrer é o primeiro movimento de vida forte. Falar sobre a morte, olhá-la, beber a morte e deixar o corpo expelir o que já não serve, é se entregar sem medo à vida, que a todo tempo nos move a empurrões de mudança. Esôfago nos deixa olhar de perto a morte; a busca por terra boa, por espaço largo, onde o olhar possa repousar no mundo que é cheio de muros muito mais altos do que os nossos olhos. É generoso que a autora nos deixe participar desse momento tão íntimo e doloroso. Todos buscamos respiros, raízes fortes que nos sustentem e que nos permitam ser. Lana, ao nos mostrar seu caminho que é seu próprio corpo aberto, nos mostra também o caminho para o nosso próprio abismo, a nossa morte, e nos dá então a mão para fazermos a travessia, [...]