O medo da morte e o nada após o fim da vida é isto que aflige o inglês Julian Barnes e sobre o que ele digressiona, em meio a lembranças que vão da infância à idade adulta, memórias de família e conjecturas sobre religião, em seu mais novo livro, Nada a temer. Longe de ser uma autobiografia, como bem assinala o premiado autor, as histórias são fruto de suas recordações complementadas ou arrasadas por completo pelas observações do irmão mais velho, filósofo, segundo o qual a memória não seria o guia ideal para revisitar o passado, afinal, cada experiência é apreendida e lembrada de diferentes formas por cada pessoa. Se a ciência, nessas horas, serve de consolo para as incertezas existenciais de Barnes, Nada a temer é, apesar do tom muitas vezes lúgubre, a dupla certeza de instigar e provocar a reflexão nos leitores: viver a vida enquanto aquele fatídico e inevitável dia não chega.