Em Surdus mundi: educação linguística de surdos no século XX, Pedro Henrique Witchs discute os modos pelos quais os surdos foram linguisticamente conduzidos. Compreendendo a surdez como uma matriz de experiência, o autor explora um conjunto de documentos mantidos pelo Acervo Histórico do Instituto Nacional de Educação de Surdos compreendidos no período entre 1909 e 1989. Com base nas noções foucaultianas de governamento e subjetivação, Witchs distinguiu duas caracterizações do comportamento linguístico das pessoas surdas: as condutas linguísticas almejadas e as condutas linguísticas abjetas. A partir delas, identificou o exercício do governamento linguístico distribuído em três composições da maquinaria escolar: um currículo que foca a educação linguística, a formação de professores especialistas no ensino para surdos e um conjunto de práticas pedagógicas direcionadas à aprendizagem da língua nacional. Desse modo, o autor argumenta que as práticas observadas operavam na (...)