Malcolm Ede era um jovem carismático. Belo e enigmático, amedrontava os meninos e atraía as meninas. Em casa, merecia toda a atenção da mãe devotada e do pai, um senhor calado atormentado por uma tragédia do passado. Esse cuidado excessivo devia-se, em parte, ao comportamento excêntrico do garoto, obcecado, entre outras coisas, por andar completamente nu, em casa e, também, em público. Seu irmão mais novo, assim como o resto da família, vivia na órbita da personalidade magnética e anormal de Malcolm. Inconformado, Mal, em protesto ao futuro tedioso - e sombrio - que o aguardava, resolve, aos 25 anos, não sair mais de sua cama. Aclamada estreia do jovem jornalista britânico David Whitehouse na ficção, Cama é narrada com emoção e altas dose de humor negro. O romance recupera a tradição literária do absurdo, ao colocar como protagonista o jovem Malcolm Ede, de mais de 600 quilos, cuja presença sufoca a existência do restante da família, acachapada por uma força de atração compatível com seu tamanho. Narrada pelo irmão caçula, a história mostra como o membro mais novo dessa família se relacionava com Mal, como o via e se sentia: a admiração misturada ao desprezo, o carinho misturado à raiva, a atenção exclusiva dada às excentricidades do irmão mais velho. A situação se complica quando surge Lou, namorada de Mal, por quem o jovem irmão sempre foi apaixonado. O excesso - de amor, atenção, peso - incomoda a ponto de desconcertar o garoto. Depois de 20 anos sobre a cama, Mal se tornou o homem mais gordo do muito.Aos 25 anos, Malcolm Ede resolve não sair mais de sua cama, em protesto contra um futuro que ele imagina tedioso. Vinte anos e 600 quilos depois, seu irmão caçula tenta encontrar os motivos que o levaram a tal radicalismo em "Cama", romance de estreia do britânico David Whitehouse, que recupera a tradição literária do absurdo em que pairam no ar mais perguntas que respostas.