Zeca Ligiéro nos aproxima das nascentes do teatro, não com uma volta ao passado, mas bebendo da fonte viva do presente. Parece nos dizer que o teatro é o que é no seu nascedouro, parte inseparável da vida humana, em todas as dimensões do tempo e do espaço. Para buscar os seus nascedouros, Zeca preferiu correr mundo procurando suas diferentes motrizes, tal qual ele chama. Desdenhou suas fontes europeias ocidentais e adentrou aos continentes por elas colonizados, em busca de origens obscurecidas pelo pensamento dominante. Abriu as fronteiras entre a ciência acadêmica e os saberes ancestrais dos povos naturais, comparou erudições, mesmo que algumas vezes forçando a barra dos parâmetros estabelecidos pelas universidades. Nos escritos de Zeca Ligiéro, o teatro não está confinado aos espetáculos em palcos à italiana. Manifesta-se das formas mais inesperadas e insuspeitas às percepções desavisadas.