Costumamos rotular as pessoas e compartimentá-las ora em profissões, ora em títulos ou em atividades outras que tenham exercido por longo tempo. Assim, eliminando outras tendências, nós as prendemos em camisas de força e ficamos surpresos quando se soltam e buscam novos caminhos. De qualquer forma, quando fora do rótulo imposto, as pessoas "re-aparecem" com novo rótulo, a sensação, mesmo agradável, é estranha. Acredito que Délcio causará, na maioria de nós, esta estranheza. Délcio Salomon, o mestre, o ensaísta, o filósofo! Agora poeta? Terá sido um salto? Nada disto, o nosso Délcio, neste livro de poemas, continua o filósofo que é e tem sido ao longo dos anos. Apenas a roupagem das palavras, o ritmo, o verso é que se tornam presentes. Aqui, fará repousar a linguagem própria da filosofia e da ciência, mas os temas da vida e da morte, do amor, da amizade serão os mesmos. Os temas terão tratamento e linguagem poéticos. O leitor verá que ele circula muito bem neste novo ambiente. Vamos ler o livro e, ao final, lhe daremos um rótulo novo: Poeta!