Diástoles, terceiro livro do poeta Anderson Antonangelo, é um conjunto de impressões sobre os sentimentos humanos. A poesia marcadamente rítmica e sonora de Antonangelo, nesta obra, divide espaço com a áspera delicadeza das sensações. As diferentes paisagens se fundem e os sujeitos se entrelaçam numa dança de alteridade e impermanência. Movimentos, aromas, paisagens e sons embalam as sensações num encontro do lirismo com a crueza. No fundo, este é um livro sobre o peso da imagem e da memória no sujeito poético, que interpela o leitor pelo poder sinestésico da palavra. Aqui, o que é concreto amolece e as coisas transitórias se espraiam até os confins do tempo. Por vezes acolhedores e afetuosos, por outras brutos e fisiológicos, os versos de Antonangelo almejam tocar no todo exprimível do que é sentir-se gente. O poeta encontra liberdade na dor da perda e na beleza do instante, pois é a inteireza dos sentimentos que tece sua poesia: só sei ser se irrestrito, escreve no poema (...)