Você sabe que também sou escritor?, perguntou Guimarães Rosa ao entregar um exemplar de Sagarana a Paulo Rónai, pedindo uma opinião. Os dois haviam se conhecido naquele mesmo ano de 1946, quando Paulo Rónai, chegado ao Brasil cerca de cinco anos antes, buscava incansavelmente trazer de Budapeste os membros da família que haviam sobrevivido ao tenebroso período da Segunda Guerra Mundial. O encontro entre o refugiado húngaro e o diplomata mineiro resultou em uma amizade próxima, pautada na admiração mútua, e em uma interlocução literária sem par. Ao longo de mais de três décadas, o crítico, tradutor, filólogo e professor Paulo Rónai acompanhou de muito perto a produção e a edição dos livros de João Guimarães Rosa e foi assim construindo de forma simultânea, com ensaios publicados em jornais, estudos, palestras e notas, um incomparável conjunto de crítica literária sobre a obra do grande ficcionista mineiro, publicado pela primeira vez neste livro. A capacidade de [...]