Dois ensaios sobre poesia registra o encontro de Christina Ramalho com duas obras líricas de grande expressão: a de Ivan Junqueira e a de Helena Parente Cunha. O primeiro ensaio, "Fênix e harpia. Faces míticas da poesia e da poética de Ivan Junqueira", publicado em forma de livro pela Academia Brasileira de Letras em 2005, e que valeu à Christina a "Medalha Afrânio Coutinho de Crítica Literária 2005", concedida pela União Brasileira de Escritores, destaca as imagens que ela pôde recolher da leitura dos livros de poesia de Junqueira, publicados entre 1964 e 2004. Poeta de extremo requinte estético, cultivador das rimas toantes e das metáforas que brotam das figuras míticas, Ivan compõe um tocante painel humano, em que perecimento e perenidade são faces da mesma moeda. O segundo ensaio, "Desejo de tulipas: o eu em expansão na poesia de Helena Parente Cunha", até aqui inédito, igualmente revela o impacto da leitura de uma obra lírica personalíssima, produzida a partir dos anos sessenta. Da poesia concisa, questionadora e libertária de Helena, para quem a palavra é bússola e barco, Christina viu brotar a flor do desejo pela vida em suas dimensões mais amplas. Vida que se espalha pelos quatro elementos, pelas incontáveis cores dos espaços e das horas. Vida na voz de uma mulher sempre em busca daquilo que os espelhos têm a contar.