O mundo, em especial o mundo urbano, reino de delírio e alucinação onde a luz das imagens sobrepostas provoca cegueira, tornou-se estetizado, e esta estetização resulta numa forma de anestesia, diminuindo consequentemente a nossa capacidade crítica. Neil Leach, professor de Teoria da Arquitetura, parte desta evidência para fazer o ponto da situação no limiar de um novo século, usando a arquitetura enquanto objeto exemplificativo da sua tese. Com efeito, a arquitetura encontra-se potencialmente comprometida com a estética, com a aura de fantasia da imagem, e os arquitetos são particularmente sensíveis a uma estética que fetichiza a imagem efêmera. Neste mundo embriagante e obcecado da imagem, onde todos passamos a maior parte do tempo no interior de criações arquitetônicas, a estética da arquitetura ameaça transformar-se na anestética da arquitetura.