A partir do catálogo da biblioteca alemã de Tobias Barreto, hoje na Faculdade de Direito do Recife, o autor construiu uma biografia intelectual desse importante pensador sergipano. O pano de fundo é a vida política e cultural pernambucana na segunda metade do século XIX, com base em notícias dos jornais da época. O autor revela muita informação inédita sobre a vida de Tobias, enfatizando sua contribuição na construção de um pensamento jurídico brasileiro, no contexto do culturalismo, dando sequência a uma tradição interpretativa que remonta a Miguel Reale. O tema da transposição e adaptação das ideias europeias para a América também orienta a construção do texto. O autor explora uma primeira recepção brasileira do pensamento alemão, opondo Tobias Barreto a um tradição cultural francesa que vicejava entre nós. Nesse sentido, o texto explora Tobias Barreto como ponto de partida de uma propalada Escola do Recife, fulgurante na história cultural de um país obsequioso por escolas. O autor provoca uma visão crítica de Tobias Barreto, como talvez faria o próprio Tobias, no sentido de que o pensador sergipano poderia parecer aos olhos de hoje como um diletante obstinado com agudezas de uma língua que lhe servia de arma contra rivais versados na tradição latina. Apresenta-se um pessimista moldado por intenso realismo, o que somente ocorre com aqueles que conhecem as vicissitudes da vida e que sabem que entre as canduras das promessas da metafísica e os acidentes da vida real há uma distância que, percorrida, nos imprime dolorosamente o verdadeiro sentido da existência. Realizada ao longo de estada no Instituto Max Planck de História do Direito Europeu em Frankfurt, a presente biografia intelectual provoca uma nova e vigorosa interpretação da obra e da vida de Tobias Barreto.