A crítica dos meios de comunicação está na moda: tribunas livres, panfletos, publicações periódicas denunciam - a justo título - os jornalistas, as manipulações da informação, a dominação do "pensamento único"... E entretanto nada muda: grande número de leitores e telespectadores participam destas indignações, sem modificar seus hábitos de "consumo" dos meios de comunicação. E estes últimos, longe de serem abalados pelas críticas, parecem até mesmo ser consolados por elas. Este paradoxo surpreendente é explorado por este ensaio original, fruto da colaboração entre um jornalista e um filósofo. A partir de numerosos exemplos tirados da atualidade - do funcionamento dos "Fantoches da informação" ao tratamento do conflito argelino ou da guerra no Kosovo -, Florance Aubenas e Miguel Benasayag fazem uma análise irreverente dos mecanismos de fabricação da informação e de seus efeitos. Mostrando a maneira como a ideologia da comunicação modela o trabalho cotidiano dos jornalistas, eles atualizam as ilusões que ela veicula: a obsessão da busca dos "fatos verdadeiros", o ideal de transparência, longe de explicarem melhor o real, contribuem para torná-lo ininteligível. E a "revelação dos escândalos" em vez de desencadear revoltas citadinas, contribui para fabricar uma sociedade da impotência. Para sair desse impasse e sair também do conforto ilusório do radicalismo "antimeios de comunicação", os autores exploram os caminhos do que poderia ser outro jornalismo, outros cidadãos da informação.