Para desver o mundo é necessário que os desvios e as destruições que se criam no horizonte dos acontecimentos tenham a força dos vulcões. Irrupções, explosões da sutileza. Pensamento - potência de ser - potência de pensar. É preciso também dar contorno aos afetos, desclassificando-os. Ouvir o que no silêncio é música. Através do exercício sensível sobre o objeto poético, descobrimos o outro íntimo que nos habita, nós leitores, inconclusos órfãos do grande sentido final, mas plenos de sentidos enlouquecidos no imenso agora, aptos para a escritura-leitura do mundo. Manoel de Barros era sabedor dos sentidos enlouquecidos e dos silêncios imantados na palavra poética. Nada como um percurso criança por sua obra para que recobremos a força política e selvagem que nos espreita nós, leitores.