de um modo geral, a mulher contemporânea não tem muito tempo para olhar para si. cuida da casa e eventualmente dos filhos, tem um trabalho externo que lhe toma muitas horas do dia e ainda tentar manter uma vida social ativa. à exceção de sua menarca ou da primeira relação sexual, não teve nenhum um outro rito de passagem, não foi aconselhada pelas mais sábias e vai tateando, de forma intuitiva, cada momento de sua vida, sem, muitas vezes, compreender a si própria e o que acontece à sua volta. e isso tudo acontece porque, desde a modernidade, as mulheres, assim como os homens, perderam o contato com as tradições de suas comunidades e com a sabedoria que brotava espontaneamente nas rodas de conversa em volta da fogueira, do fogão ou das mesas de suas casas. perderam o contato com as tradições milenares e com os arquétipos das deusas que governam cada uma e todas elas. e ao perderam essa ligação com o mundo do inconsciente coletivo, marcado pelos arquétipos, sentem-se em busca de algo e muitas vezes não sabem que algo é esse. só estão em busca. em busca de si mesmas. para compor esse quadro e ajudar o lado feminino da humanidade, muitos estudiosos tem resgatado os arquétipos das deusas, como faz liliam bodemeier neste seu livro “resgate do feminino através das deusas gregas na arteterapia”, uma instigante contribuição aos processos de autoconhecimento. aqui são recuperados os símbolos mais profundos de sete das deusas gregas que mais representam as mulheres contemporâneas, com uma grande vantagem: a de tratar do assunto e aplicá-lo a mulheres em processo terapêutico por meio da arte.