Reunindo cinco contos policiais e um ensaio de Rodolfo Walsh, Variações em vermelho apresenta ao leitor brasileiro um lado menos conhecido, mas fundamental, de um dos maiores escritores argentinos do século XX. Na trilha de Sherlock Holmes, Borges e Bioy Casares, Walsh introduz na história da literatura um detetive surpreendente: Daniel Hernández, um revisor de livros que usa sua atenção aos detalhes para decifrar os mais incríveis crimes e enigmas. "Para os leitores dos anos 50, quando o mundo era jovem e menos urgente, Rodolfo Walsh era o autor de umas deslumbrantes novelas policiais, que eu lia em lentas ressacas dominicais numa pensão de estudantes." Gabriel García Márquez recorda assim sua leitura de Variações em vermelho. Publicado em 1953, quando Rodolfo Walsh tinha apenas 26 anos, este seu livro de estreia traz uma série de narrativas de enigma segundo a fórmula clássica inglesa, à Sherlock Holmes. O esquema é simples: há um crime obscuro, os agentes da lei não dão conta de descobrir o culpado, recorre-se a um terceiro, que desvenda a verdade. O detetive de Walsh, porém, não é um Chevalier, como Auguste Dupin; nem um criminologista autodidata, como Holmes; nem um padre, como Brown; muito menos um policial, como Maigret. Daniel Hernández é um humilde operário das letras, um revisor de livros. Essa pequena variação sobre o esquema clássico faz toda a diferença. Profissional da palavra, com a inteligência treinada pela prática do esclarecimento, Daniel, assim como seu homônimo bíblico, é capaz de decifrar escrituras, fazendo uso da "estranha capacidade de colocar-se simultaneamente em diversos planos" desenvolvida em seu ofício. Walsh, que também foi por muito tempo revisor, demonstra ter a mesma "estranha capacidade" ao nos entreter com estas charadas criminais que fizeram a delícia de García Márquez.