Na cicatriz-livro-diário Mais uma casa de bonecas, segunda parte da Trilogia d’Ela, a escrita de Maria Lucas é revelada a nós por um processo de fazimento e de entendimento dela própria no mundo. Ela, pronome pessoal do caso reto, que por vezes se mostra no cotidiano da artista-autora como prótese sentimental tatuagem marcada abaixo de seu pescoço, é também a travesti, a personagem e a corpa-sobrevivente das páginas da ferida-livro-diário Esse sangue não é de menstruação, mas de transfobia, por conta agora de ser reescrita transcentradamente como alguém que tem sede de viver a tão sonhada vida, apesar d’Ela estar limitada como toda gente a viver dentro do grande coma CIScolonial do dia a dia no mundo. Ser agora fugitiva de uma antiga casa civilizatória binarista gigantesca localizada no topo de Santa Teresa numa nova casa semelhante às casas coloridas de brincar recordadas de sua infância próxima aos Arcos da Lapa, ambas na cidade do Rio de Janeiro (Brasil), não será (...)