Escrita em maio de 1500 em Porto Seguro, Bahia, a carta do escrivão Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel assemelha-se a um relato de viagem. Mais do que descrever a terra e a natureza, brevemente vistas durante os nove dias em que a frota de Pedro Álvares Cabral esteve no que viria a ser o Brasil, a narrativa é centrada nos povos indígenas, e as palavras de Caminha, hábil escritor, pintam imagens vívidas do que observou, pretendendo informar e maravilhar o seu interlocutor. A Carta nos surpreende com questões que até hoje, mais de 500 anos depois, permanecem agudamente presentes, tais como a ameaça da mineração aos povos indígenas, o direito à propriedade da terra e o apagamento de vozes não europeias. Nesta edição modernizada, uma introdução contextualiza a carta em seu tempo, destaca sua singularidade e aponta as apropriações culturais e políticas que dela se fizeram. As notas explicam o texto passo a passo, abrindo caminhos para uma interpretação atualizada e crítica [...]