O presente trabalho foca os acontecimentos na Península Ibérica no final do Império Romano e início da Idade Média, tanto nos aspectos políticos, quanto religiosos e jurídicos. No século IV, a Península tinha fornecido ao Império sua última grande dinastia, com Teodósio, o Grande, e seus sucessores. Em 409, assiste à incursão de uma horda de vândalos, alanos e suevos, compelindo o Império a buscar a ajuda militar dos visigodos. Os visigodos foram o primeiro povo bárbaro a se fixar no Império, entrando primeiramente como convidados, mas depois permanecendo como mercenários. Foram também o primeiro povo germânico a adotar o Cristianismo, convertidos por seu bispo Ulfila, embora na heresia ariana. Tal heresia havia dividido a Igreja e o próprio Império no século IV, e foi combatida em diversos Concílios Ecumênicos, sobretudo o de Nicéia em 325. Só foi abolida no mundo romano com Teodósio, mas os visigodos permaneceram arianos quando instalaram seu reino na Aquitânia. Grande admirador do mundo clássico, seu rei Eurico promulga leis escritas para seu povo, o Código de Eurico, de cunho germânico, apesar de profunda inspiração romana. Com a queda do Império do Ocidente, entretanto, a fim de perpetuar a legislação romana para a população dominada, o rei Alarico II edita o Breviário de Alarico, compilação do direito do Baixo Império. Com base assim no princípio da personalidade do direito, o direito romano passa a ser aplicado aos romanos católicos e o direito germânico aos godos arianos. Gradativamente, os visigodos estenderam seus domínios na Península Ibérica, até que, com sua derrota frente os francos na batalha de Vouillé em 507, passam a se concentrar em Toledo.