Um campo de “anarquídeas” reluz na pena de Henrique Pitt – como se, através do poeta, um carrossel de deuses descesse do firmamento para rir de nossa condição terrena: estamos sem respostas. Pedra papel tesoura, apesar de traços de matéria fria, daquilo que se concreta e se denomina, delineia, de fato, um percurso nitidamente à deriva, navio de embarcar no vazio, flores que escapam entre as cercas. São poemas de ritmo perplexo, de palpitação estranha [...] A consciência de escritura de Pitt tem milhares de vozes inauditas, temores a tiracolo, uma esperança disfarçada na elaboração, uma certa ironia niilista. [...] Henrique Pitt propaga um singular fenômeno acústico e alega ser o poeta aquele que profetiza a fé nos lábios. Pedra papel tesoura é um convite poético para uma peculiar margem da vida. [Por Daniel Zanella]