"As prisões de São Paulo: Estado e mundo do crime na gestão da “reintegração social”", de Felipe Melo, tem como foco descrever os problemas e conflitos da Administração Penitenciária. O autor narra conflitos e tensões entre diferentes modos de operar uma prisão; acompanha egressos prisionais em suas trajetórias pós-cumprimento de pena e desvela as formas atuais de uma antiga estratégia de gestão das pessoas: o encarceramento.Polêmico, este trabalho demonstra que “lá dentro” não está uma massa amorfa, mas sujeitos devidamente identificados e caracterizados pelas políticas estatais de contenção e, quem sabe, eliminação de corpos. Se os textos de Michel Foucault, já clássicos para os estudos sobre o tema, apontaram as funcionalidades da prisão enquanto instituição para o gerenciamento da população, o que este trabalho nos mostra, amparado, inclusive, pelas leituras e interpretações do filósofo francês, é que a prisão está longe de ser algo secundário ou, nos dizeres midiáticos, uma instituição falida. Longe disso, a prisão ocupa o centro da gestão política das sociedades contemporâneas e, no caso do estado de São Paulo, o crescimento massivo do encarceramento se realiza como elemento primordial do dispositivo governamental.Este livro nos faz encarar uma dura e obscura realidade.