A poesia de Sanchez é voraz e especulativa. Sorve a leitura de outros poetas como experiência poético-crítica e institui, a partir desta leitura-encontro, possibilidades criativas das mais variadas. Dialogando decisivamente com a poesia moderna e contemporânea, cria uma constelação poética para si e para seus leitores. As vozes de outros escritores cintilam em dilatada miríade de particularidades arranjadas em esboços imagéticos significativos. O eixo temático mais expressivo (que sempre se reitera, girando em torno de si, ao simultânea e paradoxalmente retornar como um outro, como diferença constitutiva do sujeito poético e de sua enunciação) é a imbricação de categorias aparentemente dicotômicas: sujeito/objeto, ser/parecer e memória/escrita, conjugados pela fricção entre prosa/verso que tanto potencializa, quanto expõe os limites experimentais da antinomia medular indicada no título do livro. A relação com a história, sobretudo a de nossa agoridade, é marcante.