A experiência da professora Ana Maria Ramos Sanchez Varella na prática docente é apresentada aqui como a estética e práxis do existir. Mas a autora só teve consciência disso ao fazer a reescrita de si. Tal como o leitor-aprendiz de Eupalinos, de Paul Valéry, " de tanto construir, crio ter-me construído a mim mesmo". Ana Maria fala da "militância" de sua vida, tendo como norteadores a escuta, o desafio, o desapego e humanidade - princípios da Interdisciplinaridade - , geradores de atitudes. As ações integradas em aulas com incursão na literatura, sua proposta principal, mobilizou no aluno o sentido de investigar-se, ajudando-o a enfrentar desafios e abrindo novos horizontes em sua vida: auto-identificação e autotransformação. O estudo realizado pela autora oferece subsídios para os profissionais da educação no sentido de estimular a escuta - atitude participativa, cultural e subjetiva-, além de mostrar a importância do processo de ressignificação no ato educativo tendo a memória como referencia, apropriando-se dos seus percursos de vida e localizando neles suas experiências significativas. Foi a memória que instigou a autora a escrever este livro. Como narradora ela queira se comunicar com o leitor em seu tempo Kairós, tempo de energia acumulada pelas experiências vividas, tempo de aprender, tempo de sintonia entre as experiências escolares com as sociais. Daí a relação entre este trabalho com sua biografia. Parafraseando Wright Mills, a incorporação da experiência vivida de Ana Maria conferiu alam a este livro, retirando dele as poeiras "artificiais" da produções intelectuais. Uma escritora sedutora que mostra ser possível reabilitar o papel da pesquisa como prática educativa construída, acrescentando aprendizagens às experiências pedagógicas vividas, recriando-as a cada "safra". Sem dúvida, referencias para novos propostas Interdisciplinares nas práticas educacionais.