Antonio Tabucchi é um dos grandes nomes da literatura italiana. Avesso às grandes verdades e às certezas absolutas, Tabucchi prefere os tons em surdina, o detalhe aparentemente insignificante, a precariedade de um mundo em ruínas, reinventado irônica e surpreendentemente pela linguagem. Em “Noturno indiano”, em meio às referências lusitanas caras ao autor, emerge uma Índia estranha e inquietante, por artes de uma narrativa de extraordinária sutileza, feita de poucos eventos, pequenas transformações de sentimentos, desvios inusitados de sentidos. Pouco a pouco, o livro revela-se como um romance noir, em que identidades se cruzam, através do percurso do protagonista de Bombaim a Goa. As identidades desfazem-se de si próprias, desdobram-se em outras e com elas se confundem na anônima melancolia de um homem incerto em busca de si mesmo. “Noturno indiano”, além de várias edições italianas e das traduções realizadas para vários idiomas, inspirou o filme homônimo dirigido por Alain Corneau e estrelado por Jean-Hugues