O homem ultrapassa infinitamente o próprio homem, diz significativamente Pascal: ultrapassa infinitamente os horizontes puramente terrenos e os desejos meramente humanos. Quer ser mais e mais e muito mais; precisa de grandes ideais que elevem, comprometam e entusiasmem a personalidade toda. E tudo o que signifique asfixiar essa ânsia no mundo estreito de uns projetos de vida sem grandeza significa ao mesmo tempo amesquinhar o coração, frustrá-lo e envilecê-lo. Numa palavra, torná-lo incapaz de amar. Grandeza de coração fala-nos, pois, de horizontes vastos e amor dilatado. Todo o homem sente essa necessidade de um amor tão grande que seja eterno. Mas... onde buscar e onde encontrar tal amor? Na fonte de todos os amores, que é Deus, esse Deus que se tornou para nós próximo e acessível em Jesus Cristo. Quando Pilatos disse, referindo-se ao Senhor, Eis o Homem!, não sabia que estava proclamando: eis o Homem por excelência, o Modelo de todos os homens. Se queremos ter um ideal que valha a pena, temos de pôr os olhos em Cristo, auscultar o seu coração e deixar que passem para o nosso as suas pulsações de magnanimidade e generosidade, de santa indignação, de sede e fome de justiça, de um ilimitado espírito de conquista.