A boitempo publica pela primeira vez no brasil uma autobiografia, de angela davis. Lançada originalmente em 1974, a obra é um retrato contundente das lutas sociais nos estados unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar de uma das maiores ativistas de nosso tempo. Davis, à época com 28 anos, narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século xx e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo fbi. A falsidade das acusações contra davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta. questionando a banalização da ideia de que o pessoal é político, davis mostra como os eventos que culminaram na sua prisão estavam ligados não apenas a sua ação política individual, mas a toda uma estrutura criada para criminalizar o movimento negro nos estados unidos. Além de um exercício de autoconhecimento da autora em seus anos de cárcere, nesta obra encontramos uma profunda reflexão sobre a condição da população negra no sistema prisional estadunidense.“Quando expressei minha hesitação em me dedicar a uma autobiografia, não foi por não desejar escrever sobre os acontecimentos daquela época e, sobretudo, de minha vida, mas sim porque eu não queria contribuir com a tendência já difundida de personalizar e individualizar a história. E, para ser totalmente franca, minha discrição natural fez com que me sentisse um tanto constrangida em escrever sobre mim mesma. Assim, não escrevi realmente a meu respeito. Isto é, não mensurei os eventos de minha própria vida de acordo com sua possível importância pessoal. Em vez disso, tentei utilizar o gênero autobiográfico para avaliar minha vida de acordo com o que eu considerava ser o significado político de minhas experiências. O método político de mensuração derivava de meu trabalho como ativista no movimento negro e como membro do Partido Comunista.”“Quando expressei minha hesitação em me dedicar a uma autobiografia, não foi por não desejar escrever sobre os acontecimentos daquela época e, sobretudo, de minha vida, mas sim porque eu não queria contribuir com a tendência já difundida de personalizar e individualizar a história. E, para ser totalmente franca, minha discrição natural fez com que me sentisse um tanto constrangida em escrever sobre mim mesma. Assim, não escrevi realmente a meu respeito. Isto é, não mensurei os eventos de minha própria vida de acordo com sua possível importância pessoal. Em vez disso, tentei utilizar o gênero autobiográfico para avaliar minha vida de acordo com o que eu considerava ser o significado político de minhas experiências. O método político de mensuração derivava de meu trabalho como ativista no movimento negro e como membro do Partido Comunista.”