O livro conta histórias de um mundo paralelo habitado por jovens que optaram pela vida clandestina entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1980, um dos períodos mais cruéis do regime militar. Moças e rapazes preparados e talentosos deixaram uma vida de conforto e bons salários para seguir seus ideais, confiantes no triunfo da causa socialista. Os clandestinos retratados no texto partiram para a luta não armada. Assumiram uma nova identidade e nos bairros, nas fábricas, nas igrejas e nos clubes de periferia buscaram organizar o povo, num trabalho de formiguinhas que, embora longe do front da guerrilha, era também sujeito ao risco de vida. Abordando a infância e a formação de seis depoentes, este livro-reportagem faz um apanhado vida brasileira nos anos 1950. Narra a "conversão" dos entrevistados ao socialismo e sua entrada na militância na ebulição dos anos 1960, que inauguram o ciclo dos generais-ditadores. E trata da passagem para a clandestinidade na sombria década de 1970. Esse espaço fechado representou uma ruptura não só na rotina de vida, mas também nas ambições e sonhos pessoais. Quando voltaram à plena visibilidade, muitos anos depois, os militantes encontraram uma realidade diferente, a qual foi penosa se adaptar. Permeado por quadros, distribuídos entre os capítulos, o livro busca situar o leitor no contexto nacional e internacional daqueles anos. Entre outros, destacam-se temas como a rebeldia jovem e as transformações nos costumes, as revoluções políticas de cunho direitista e esquerdista, o papel da igreja católica na cena militar brasileira e um panorama das ditaduras em vários países da América do Sul.