Neste instigante livro de Sandra Duarte, as narrativas de Jorge Luis Borges e as obras visuais do artista capixaba Hilal Sami Hilal entrelaçam-se de maneira ímpar, deflagrando múltiplos sentidos e provocando um leque de possibilidades conceituais e imagéticas. Com acuidade e desenvoltura, a autora não apenas transita em teorias contemporâneas sobre as relações entre literatura e outras artes, como também evidencia as afinidades, interseções, disjunções e enlaces entre os dois autores, num exercício lúcido e criativo do comparativismo estético-literário. O signo livro, em seus vários desdobramentos, é o cerne das reflexões: a obra como objeto, imagem, tema, metáfora, alegoria ou conceito. Isso porque, como mostra a autora, Hilal dá corpo aos livros fantásticos borgianos e incorpora em suas instalações como Biblioteca e Sherazade, entre outras a construção labiríntica e inesgotável de alguns escritos de Borges voltados para o universo das bibliotecas, dos labirintos e espelhos [...]