Fazer sofrer pode ser justo? Em que circunstâncias pode ser bom fazer o mal? A questão do fundamento ético da pena aflitiva não é um problema jurídico, mas uma questão filosófica. Nesta obra, o autor propõe a retomada do diálogo entre saber penal e filosofia para forjar um abolicionismo penal pós-metafísico, redescrevendo-o como negação da crueldade. Em sua estratégia de empoderamento do discurso abolicionista, utiliza quatro ferramentas filosóficas: o niilismo de Nietzsche, o pensamento fraco de Gianni Vattimo, ironismo de Richard Rorty e a categoria de hegemonia, de Laclau e Mouffe. A proposta de retorno à filosofia vem acompanhada de abertura para diálogo com outros protocolos argumentativos como a literatura, o cinema e a psicanálise. Tudo para fazer entender que assim como a pequena crueldade, praticada por um indivíduo contra outro (crime), deve ser repudiada, igualmente a grande crueldade, praticada pelo Estado contra o indivíduo (pena), não pode encontrar alento nos corações de quem entende que ser cruel é a pior coisa que se pode fazer.