João Simino evoca seus poetas como se evocasse as musas. Torquato, Vandré, Chico, Leminski. A eles anuncia uma espera pessoal. Pelo fim do dia ou das coisas. Pela morte do homem ou do planeta. Em sua descrença no futuro, até parece um poeta punk, niilista, escatológico. Um poeta a quem os poetas são tão necessários ao mundo quanto um banheiro a uma rodoviária. Simino se diz um“produtor de loucuras”. Afirma que a vergonha venceu a esperança. Mas não perde a chance de se comparar, num verso de resistência, a um pássaro desajustado que, perdendo algumas penas durante o voo, mergulha no ar para reavê-las.