Depois de William Shakespeare, Dante Alighieri, Jorge Luís Borges e Manuel Bandeira, a nova coleção Por que ler volta-se para um dos maiores nomes do modernismo brasileiro, com o lançamento de Por que ler Oswald de Andrade, da respeitada Maria Augusta Fonseca que vem se dedicando há décadas à vida e à obra do grande modernista. Como os demais livros da coleção, este volume segue a clássica divisão vida & obra de maneira sintética (buscando, em ambas, o que Pound chamou de "pontos luminosos") e ao mesmo tempo abrangente. A abrangência fica por conta da divisão do volume em cinco partes: "Um retrato do artista" (síntese biográfica), "Cronologia", "Ensaio de leitura" (comentários sobre a obra), "Entre aspas" (reprodução de passagens importantes da obra) e "Estante" (com os principais títulos de e sobre Oswald). A pergunta que dá título à coleção é, neste caso, fácil de ser respondida. Um dos maiores nomes da cultura brasileira, e não somente da literatura, Oswald de Andrade foi um daqueles raros homens certos no lugar certo na hora certa: nas palavras de Antonio Candido, "sua personalidade excepcionalmente poderosa atulhava o meio com a simples presença". Esse meio era o da provinciana vida cultural brasileira do começo do século XX, que Oswald ajudaria a ir ao encontro do mundo moderno. No entanto, o personagem central (ao lado de Mário de Andrade) da Semana de 22, cuja biografia compõe o retrato instigante de uma das mais complexas e influentes personalidades da cultura brasileira da época, e cuja obra contém alguns dos momentos mais radicais da arte moderna brasileira, cairia em certo ostracismo a partir dos anos 30, quando, tanto na política quanto na cultura, o Brasil embarcaria na modernização conservadora do governo Vargas e do regionalismo naturalista-agrário. Oswald de Andrade teria seu lugar central reconhecido - e historicamente consolidado - apenas a partir do fim dos anos 50, no contexto dos movimentos de vanguarda. Mas em compensação, desde então sua presença e sua influência espalharam-se e penetraram por todos os cantos da cultura brasileira, da poesia à prosa à música popular (via Caetano Veloso) ao teatro (via Zé Celso) ao cinema, além da academia.