As políticas de moradia para as populações mais pobres no Brasil funcionam, há décadas, não somente como resposta dos poderes públicos para uma demanda social, mas principalmente como recurso para organizar urbanisticamente as cidades e enquadrar seus beneficiários em um modelo normativo. Geralmente, tal modelo é acompanhado pela proposta de uma nova conduta, na qual seus futuros habitantes antes moradores de favelas, periferias ou cortiços devem reconhecer a ilegitimidade das suas formas de organização espacial e social e de suas escolhas morais, e optar, junto á nova moradia, por um novo estilo de vida. Essa lógica esteve presente, por exemplo, em projetos de habitação popular no Rio de Janeiro, como os Parques Proletários (1940), a Cruzada São Sebastião (1950) e os conjuntos habitacionais da Cohab/Chisam (1960/70). [...]