Há um flagrante contraste ou paradoxo entre a pompa dos edifícios forenses, os rituais, as togas e becas, a linguagem elegante, culta, mas quase ininteligível de magistrados, advogados e promotores e a simplicidade de parcela ponderável do povo brasileiro do interior, do caboclo nascido e criado no mato, gente simples, mas brava e cheia de valores, destinatária de todo esse aparato, criado e mantido com o fito de solucionar os litígios. Essa distância, se de um lado se presta a criar um mito em torno dos juízes e de seus poderes, de outro alimenta ambiente propício ao surgimento de situações pitorescas, engraçadas e inusitadas, envolvendo uns e outros, muitas das quais parecem verdadeiras piadas. O fato dessas estórias terem surgido na vida real, com gente de carne e osso, ou então, a própria dúvida que se dissemina em torno de se saber se elas são mesmo verdadeiras ou não, são circunstâncias que contribuem para que os causos e os personagens se propaguem pelo tempo e pelo espaço, ganhando uma certa notoriedade no nosso meio. O autor reúne neste livro, pouco mais de vinte causos, não por qualquer espécie de processo de seleção, mas, porque foram aqueles que surgiram da sua lembrança, para que possam divertir e descontrair um pouco o sisudo profissional do Direito - e, nos mais jovens, sobretudo os acadêmicos de direito, despertar um pouco de reflexão sobre o sentido da aplicação do direito, nas suas dimensões histórica, antropológica e sociológica.