Eis a frenética poesia de Pedro Morcego. Eis o poema que se faz radicalmente vivo ou o poeta que se preside e reivindica. Poesia, portanto, da insurreição ontológica ou da voraz desobediência linguística. Desta língua em permanente rebelião, a percorrer planícies virgens língua acesa que quer provar todos os lábios e em todos os lábios ser grito diremos somente que aglomera, como um rock transgressor, todas as vozes da experiência profana. É que Etcétria é um registo impetuoso do mundo: cataloga-se, nos versos, a avidez de ser inteiro, a liberdade de sentir completamente, e de tocar, com dedos sujos e um sorriso sem amarras, o espontâneo coração ainda fresco, ainda alto e palpitante de um espécime humano. E se de humanas compleições nos falará este livro, a solidão será o cerne do catálogo das sombras. Solidão que tudo rasga, despedaça e digere. Inveterada adversária do amor dessa emoção de ideal gémeo, alicerçada em juras mútuas que se inscrevem sobre a carne a solidão será (...)