O livro de estreia na poesia do escritor carioca Márwio Câmara se abre com um compêndio de interrogações, lançando-se ao mistério e à dúvida como sói ser o ofício da poesia. A travessia, como não poderia deixar de acontecer nesse caso, incorpora o balbucio como prática e como promessa, atravessando o silêncio, tentando contra, tateando com algum som as horas sobre as quais o poeta se debruça em palavras: a língua ensaiando/ a fim de balbuciar/ grosseiramente/ algum discurso, lemos n’o início de tudo. Em tom conversador, amplo, dialógico, os poemas em geral em primeira pessoa incitam o leitor à reflexão sobre o cotidiano e sobre as variadas questões internas e externas que permeiam o existir, não se curvando à mera emulação de causa e efeito de fatos rotineiros. Thiago Ponce de Moraes