É precisamente essa paixão incestuosa pelo corpo interdito da mãe e da língua materna que se encontra em jogo em Uma frase para minha mãe, de 1996. Esse lamento bufo, como o define Prigent, mobiliza em sua materialidade sonora blocos de sensações afetivas e corporais que se traduzem por meio da invenção linguística, e vice-versa. E como poderá testemunhar por si mesmo o espectador-ouvinte, o que essa voz de algum modo proustiana encena é, de um lado, o despertar, para a língua e para o mundo, de um eu que ali, na língua e no mundo, toma a palavra, e, de outro lado, ao mesmo tempo, o processo de realização de uma vocação de escritor e de constituição de uma escrita.