Profissional à frente de seu tempo, Yves criou as bases das relações entre anunciantes, veículos e agências sem perder de vista a importância das relações humanas. Um homem que achava perfeito unir sua paixão pelos livros a outros fascínios: as artes plásticas, as viagens turísticas, um bom vinho, uma conversa degustada à beira do fogo nas noites frias de Tiradentes, as amizades divulgadas pelas pérolas incomuns. Yves semeou gostos e habilidades por onde passou. O trecho extraído do primeiro capítulo de Yves - A Tirania do Bem, lançamento da Editora Globo, resume diversos traços da personalidade de Yves Alves, responsável por dar um novo status à Central Globo de Comercialização, retratado por Carlos Morici, que foi seu assessor direto e conviveu com ele durante 9 anos. Yves Alves foi o terceiro homem na hierarquia de poder da Rede Globo e o mais importante personagem da estrutura de comercialização da empresa. Trabalhou, por exemplo, ao lado de Walter Clark e de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Introduziu conceitos e práticas de comercialização que, até hoje, pautam as relações entre anunciantes, agências de propaganda e veículos de comunicação e que contribuíram para o crescimento, para o desenvolvimento e para o alto grau de profissionalismo do mercado publicitário brasileiro. Seu primeiro emprego foi na Sidney Ross, onde era o responsável pela compra de mídia da empresa, em todo o país. Criou o patrocínio de novelas radiofônicas. Devido à sua excelência profissional foi para a Rede Globo, na época uma insípida emissora de TV em início de carreira. A partir daí, a história de vida de Yves Alves se confunde com a própria trajetória da Globo. Carlos Morici conheceu o seu personagem quando este se transferiu para Minas Gerais, em 1982, para ser o Diretor Regional da Rede Globo no Estado. Yves decidiu mudar para Belo Horizonte para ficar mais próximo de sua eterna paixão: a cidade de Tiradentes. À frente da Globo Minas consolidou a televisão como principal parceira da preservação ao patrimônio cultural dos mineiros. Como o autor conviveu diariamente com o personagem retratado, o leitor tem o privilégio de conhecer de perto não só o método de trabalho de Yves como também traços da sua personalidade, seus gostos e particularidades. Para enriquecer o relato, o autor convidou familiares, colegas de trabalho e amigos para darem seu depoimento. A filha Ana Maria revela que nos momentos de concentração, enquanto escrevia, Yves ia rasgando cantinhos da folha e mascando devagar. No fundo, gostava tanto dos livros que o papel parecia ter para ele um sabor especial. Nesta biografia, o leitor ainda tem o privilégio de vivenciar momentos históricos como o do primeiro encontro de Yves Alves com o então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves. Yves faleceu há dez anos, um de seus últimos grandes feitos foi a sede definitiva da Rede Globo Minas.