Cinqüenta dias a bordo de um navio negreiro traz o relato do reverendo Pascoe Granfell Hill (1804-1882), que, em meados do século XIX, acompanhou a Marinha britânica na captura de um navio que transportava escravos negros para o Brasil. A liberdade, no entanto, só viria depois de uma outra longa jornada, na qual os africanos continuariam vivendo em condições precárias e de semi-servidão: na viagem que Hill descreve neste seu diário, entre Quelimane e Cidade do Cabo, 163 das 444 pessoas - das quais 213 eram crianças - que se encontravam nos porões. "Uma tragédia potencializada pela alternância climática que alongou a viagem, mas também pela evidente inexperiência dos novos tripulantes do negreiro apresado", escreve na introdução o historiador Manolo Florentino.