Romance, autobiografia, diário. É difícil escolher apenas um termo para descrever O Retorno do Hooligan, obra certamente híbrida de Norman Manea, aclamado escritor romeno exilado nos Estados Unidos. A definição política de seu relato se dá já no título. Hooligan se refere à forma como o dramaturgo judeu Mihail Sebastian se definiu no livro Como me tornei um hooligan, de 1935, resposta a um texto antissemita publicado com grande repercussão no ano anterior. O texto defendia que o povo romeno era, por definição, cristão ortodoxo. Logo, judeus, ateus e membros de qualquer outra denominação deveriam ser considerados marginais, excluídos... hooligans. Em registro variado e não linear, O retorno do hooligan é um desafio engenhoso e recompensador, uma importante obra-prima sobre identidade, família, memória, história e, por fim mas não menos importante, o poder libertário da literatura.