O livro que o leitor tem em mãos aborda uma das preocupações centrais da filosofia contemporânea: a relação entre técnica e ética ou, mais especificamente, a urgência de pensarmos eticamente o poder magnificente e ambivalente da tecnologia moderna. Para tanto, os pesquisadores reunidos neste volume apresentam, com vivacidade hermenêutica e seriedade argumentativa, o quanto o pensamento de Hans Jonas é oportuno e urgente, a um tempo. Nascido na Alemanha em 1903 e falecido nos Estados Unidos em 1993, Jonas formulou umas das filosofias mais instigantes do século XX justamente porque não se furtou a pensar os problemas de seu tempo - que ainda é nosso - entre os quais está o avanço de um poder que nos encontrou despreparados para o seu uso. A oportunidade dessa empreitada diz respeito à conveniência de seu diagnóstico: a mudança do cenário tecnológico exige a formulação de um novo modelo ético. A sua urgência está na efetividade de sua proposta, capaz de contribuir para o enfrentamento da grave crise civilizatória que tem levado à extinção de inúmeras formas de vida e colocado, inclusive, o futuro da humanidade em questão. Segundo Jonas, o braço alargado da técnica exige um braço ampliado do conhecimento preditivo na forma de uma ética da responsabilidade que dê conta de enfrentar os perigos do avanço tecnológico, que crescem justamente onde também prosperam os seus êxitos. Trata-se de uma ética que não pretende simplesmente frear os avanços da técnica, mas refletir sobre sua eficácia e o adequado proveito de suas consequências, tendo em vista o bem da humanidade que, nesse caso, não é outra coisa que a sua existência no futuro.