O escritor-médico Valdir de Aquino Ximenes escreveu e agora publica o seu quinto livro, ao qual deu, curiosamente, o título de "O Quinto", e fala sobre as agruras de um escritor da província que pretende ser reconhecido no seu país. Com meus quarenta anos de militância na área, eu poderia dizer: assino em baixo. Todas essas queixas, em outros termos, eu as fiz no meu livro "Lisábria de Jesus". Sempre foi assim. As editoras ignoram. Um ou outro escritor latifundiário da média escreve algumas linhas de incentivo, um ou outro crítico escreve outras linhas, e o livro cai no limbo. Por quê? Estamos deixando para trás um ciclo; e coisas arcaicas, como a literatura, foram jogadas fora. Primeiro pelo rádio; depois, a televisão; em seguida a praga da internet; a super-praga do computador; e afinal o telefone-celular. Os poucos leitores que restam em São Paulo e no Rio de Janeiro, são disputados a sopapos, literalmente, conforme noticiou no ano passado a revista Veja, que se gaba de ter um milhão de leitores e que tem um deficiente mental, Diogo Mainardi, como crítico literário; felizmente defenestrado para os Estados Unidos, sede e foro da imbecilidade mundial. Assim é, neste pindorâmico país. E as queixas de Valdir de Aquino Ximenes não são privilégio dos escritores de Brasília. Também no Rio e São Paulo, bem como em Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre, as coisas, supreendentemente, se assemelham às nossas. Dia desses, vi entrevista do Ignácio de Loyola Brandão, escritor de competência irrefutável e mais antigo no ramo que nós, na qual ele se queixava não só do desprezo da média como também de um plágio do seu romance intitulado Zero, executado por outro fazendeiro que alguns pespegam nele a pecha de unanimidade nacional, Chico Buarque; e como dizem que dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra. A mim não me consultaram. Valdir de Aquino Ximenes identifica "panelinhas". Eu faço parte "dessa estranha confraria", conforme diz o tango. Sou da panelinha da Associação Nacional dos Escritores (ANE) e de todas as outras panelinhas que apareceram, aparecem e aparecerão por aqui. Não sou guerreiro; não tenho garra para tanto, mas há outros caminhos. Um deles: abandone tudo, família, profissão, amizades. Mude-se para o Rio de Janeiro, freqüente a ABL toda quinta-feira, redações e redes de televisão. Freqüente os butecos convenientes e durma (ou fique acordado) em camas certas e escolhidas. Pise firme em pescoços, com um sorriso nos lábios, se necessário (e será). A literatura, nos dias de hoje, é concubina que não admite parcerias. Ainda agora me chega às mãos um texto elaborado pelo escritor Antônio Naud Júnior sobre Hilda Hirst, que ilustra bem o que é o mundo literário: "ninho de víboras tão selvagem quanto qualquer campo de batalha". Conheço ex-cáthedra essa história. Já faturei três prêmios na Academia Brasileira chamada de Letras, e esses tipos de prêmios foram eliminados, estavam democráticos demais. Você será recebido com sorrisos e beijos. Mas não tente (ou tente) fincar sua bandeira. Cada território tem seu dono e você será expulso a pontapés. Ou, se perseverar, dentro de quarenta anos será um escritor consagrado: um Affonso Romano de Sant’Anna, um Scliar, um Ferreira Gullar (não tão feio), mas será.O escritor-médico Valdir de Aquino Ximenes escreveu e agora publica o seu quinto livro, ao qual deu, curiosamente, o título de “O Quinto”, e fala sobre as agruras de um escritor da província que pretende ser reconhecido no seu país. “Um livro bastante elaborado e que “prende” a atenção do leitor. Merece publicação enquanto obra de um escritor de talento e garra, escritor que tem estilo.” Danilo Gomes O escritor-médico Valdir de Aquino Ximenes escreveu e agora publica o seu quinto livro, ao qual deu, curiosamente, o título de “O Quinto”, e fala sobre as agruras de um escritor da província que pretende ser reconhecido no seu país. “Um livro bastante elaborado e que “prende” a atenção do leitor. Merece publicação enquanto obra de um escritor de talento e garra, escritor que tem estilo.” Danilo Gomes