Desde o aparecimento dos evangelhos existem dúvidas sobre os importantes eventos que ocorreram durante os últimos dias de Jesus. O renomado arqueólogo Shimon Gibson desenterra novos fatos ao examinar os críticos e derradeiros dias de sua vida. Ao descrever esses eventos em ordem cronológica, a começar pela entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumento e terminando com o sepultamento, após a crucificação, Gibson desvenda um quadro nítido daquele povoamento no primeiro século: seus monumentos, ruas, casas e, é evidente, o Templo Judaico. O Jesus que emerge destas páginas é um mestre e curador que fascina as multidões. Como homem bem educado, de procedência rural próspera, treinado por João Batista em assuntos de purificação ritual e adepto de métodos alternativos de cura, suas pregações e ensinamentos - acontecidos na explosiva atmosfera das festividades da Páscoa em Jerusalém - amedrontaram as autoridades judaicas e romanas a ponto de decidirem condená-lo à morte. Gibson usa seu acesso extraordinário a achados arqueológicos em primeira mão para apresentar a evidência principal e explica que o objetivo deste livro é desvendar o mistério em torno dos últimos dias de Jesus em Jerusalém: porque ele foi para a cidade, como foi preso, julgado e crucificado, e qual a localização de seu sepulcro. Não há dúvida que algumas de minhas conclusões gerarão controvérsias. Os evangelhos são a principal fonte de informação que temos sobre a derradeira semana de vida de Jesus. Eles sugerem que a prisão foi feita no Getsêmani sob a alegação de blasfêmia, sedição, ou uma combinação de ambas, e que foi instigada pelas autoridades do Templo e executada por autoridades romanas. Estudiosos concordam que os primeiros evangelhos começaram a ser escritos apenas por volta de duas décadas após a morte de Jesus, na esteira devastadora da revolta judaica contra os romanos a partir de 66 EC, o que resultou na queda de Jerusalém e na destruição do Templo em 70 EC. Como resultado, houve a ruptura entre o judaísmo tradicional e o incipiente "movimento de Jesus". Isso talvez explique o antagonismo evidente nos evangelhos com relação ao coletivo "judeus", que envolvia autoridades religiosas, autoridades civis e "aglomerados" sem nome. A imagem negativa do papel dos judeus, conforme retratada no relato desse julgamento, acabaria por ter, no longo prazo, um efeito desastroso para o desenvolvimento do antissemitismo na Idade Média, o que levou em parte à Inquisição, a massacres e, por fim, ao Holocausto.