Algumas palavras sobre as palavras Em Meu pranto deságua nos cabelos de uma árvore velha, Deborah Castro faz nascer uma primavera gótica atemporal, cortante em sua sinceridade sensorial e no seu olhar para os espaços triviais nos quais a vida toma seu curso. Um eu lírico imprevisivelmente ondulante entre orvalho e tempestade, entre flor e plástico, entre um raro sorriso e o choro, entre uma dor e outra. Os poemas quase em prosa apresentam imagens das sensíveis nuances de palavras em constante evisceração, como os ciclos das árvores e da terra, da vida e da morte, com a combinação de uma rede lexical simples e quase despretensiosa, mas que desvela signos complexos e profundos da experiência cotidiana. Na exploração sensorial dos espaços das memórias fundidas entre passados, presentes e futuros, a humanidade não é encontrada nos versos, mas nos resquícios, nas folhas que caem ou nas metonímias espalhadas pelos olhos, mãos, cílios, lábios, cabelos, pelos, dores, hematomas, (...)