Após próspera trajetória profissional no TCU, órgão em que, no curso de trinta anos, galgou todos os degraus da carreira técnica, João Erismá de Moura trilha, afinal, seu itinerário artístico. Dotado de intelecto refinado e gosto seletivo, durante suas ocupações temporais, regou em silêncio uma vocação literária, que germinava pacífica, nas gavetas da alma, aguardando um "click" para desabrochar. Desde a aposentadoria (robusta e merecida) a veia literária vem materializando-se, gradativamente, e, por último, jorra aos borbotões, disposta a recuperar o terreno perdido. Primeiro, ele lançou Um Anjo Retorna ao Céu - um memorial ou preito póstumo à sua primogénita Caroline é criação que, não obstante lavrada com o próprio sangue, já valeu ao autor, até aqui, ingresso em duas academias de letras. Eis, agora, Essas Mulheres Maravilhosas, crônicas em que ele, inspirado num antigo programa de J. Silvestre, erige um trono público para as personalidades femininas que, em papéis específicos e sempre relevantes - protagonizaram sua história pessoal. E o faz com polidez e graça, dando a cada uma das personagens a aura de elegância que as distingue nos espaços mais nobres de suas lembranças. A obra é uma iniciativa inteligente e interessante, precisa ser lida, admirada e, quem sabe, imitada. Homenagear com boa literatura as mulheres que nos são especiais, literalmente cortejar com arte, recurso próprio do gentleman que o escritor é. Parabéns, confrade e conterrãneo Erismá, por esta sua mais recente vitória. Aliás, Vitória é um maravilhoso nome de mulher. Registre-se então que ela é mais uma conquista e, portanto, outro elemento feminino - a cintilar em sua coleção.