O mito em torno da obra De tribus impostoribus remonta à Idade Média, quando já se falava de um livro proibido que tratava os líderes das três grandes religiões monoteístas como impostores. O mito foi ganhando cada vez mais força, sobretudo, no fim do século XVII e no início do XVIII, em função da filosofia panteísta de Espinosa (acusado, por sua idéia do "Deus sive Natura", de ser um dos mais "ímpios ateus" de todos os tempos). Em 1719, é publicada uma biografia anônima de Espinosa, intitulada "La vie de mr. Benoît de Spinoza", em uma revista holandesa chamada Nouvelles littéraires. Algum tempo depois, vem a público La vie et l’esprit de mr. Benoît de Spinoza, que junta a biografia anônima com um outro texto, também anônimo, chamado "L’esprit de mr. Benoît de Spinoza" (esse, sim, conhecido então, popularmente, pelo nome de Tratado dos três impostores). Após 1719, muitas versões surgiram, manuscritas e impressas. Enfim, por mais que os estudos tenham avançado, ainda permanece incerta (e talvez continue sendo) a autoria e mesmo a existência real de um De tribus impostoribus. Regina Schöpke, ESPECIALISTA EM FILOSOFIA E HISTÓRIA MEDIEVAL.