A decisão do início do tratamento medicamentoso para epilepsia depende da relação risco/benefício, isto é, dos riscos de novas crises e suas consequências versus os riscos do medicamento. Um fator decisivo nesta equação é a eficácia da medicação. O motivo pelo qual deve-se medicar um paciente que apresenta duas crises é que o risco de recorrência (da terceira) é de 80% a 90%. O tratamento com drogas antiepiléticas (DAE) beneficia a maioria dos pacientes desde que o paciente entenda a finalidade da terapia e siga o regime prescrito. As DAE são selecionadas de acordo com o tipo de crise e tão usadas com o conhecimento da sua farmacologia, sendo monitorizadas e ajustadas de acordo com a evolução clínica e intercorrências. A decisão do inpicio do tratamento com DAE deve ser feita de forma crítica e individual, levando-se em conta informações sobre a história natural das epilepsias, o delineamento de síndromes epilépticas relativamente homogêneas e o conhecimento sobre os frequentes efeitos colaterais das DAE a longo prazo. Antes de iniciar o tratamento com DAE é bom refletir que o paciente, de certa forma, é "confinado" a uma terapia de longa duração. Calcula-se que aproximadamente 50% das crises epilépticas recém-diagnosticadas sejam agudamente sintomáticas e secundárias a distúrbios cerebral ou sistêmico, em geral necessitando de tratamento medicamentoso somente na fase aguda da doença. O tratamento, nestes casos, deve ser dirigido à patologia subjacente.