Alguns resquícios de leis de um antigo povo conquistador, compiladas por ordem de um príncipe que, doze séculos atrás, reinava em Constantinopla, misturadas posteriormente com ritos longobardos e incluídas em desordenados volumes de privados e obscuros intérpretes, formam aquela tradição de opiniões que, em grande parte da Europa, tem, todavia, o nome de leis; e é coisa tão funesta quanto comum nos dias de hoje que uma opinião de Carpzov, um uso antigo acenado por Claro e um tormento sugerido com iracunda satisfação por Farinaccio sejam as leis às quais obedecem, com convicção, aqueles que deveriam reger, tremendo, a vida e a fortuna dos homens. Essas leis, que são uma decorrência dos séculos mais bárbaros, são examinadas neste livro à luz do sistema criminal, e ousa-se expor as suas desordens aos dirigentes da felicidade pública com um estilo que afasta o vulgo não iluminado e impaciente. Aquela ingênua indagação da verdade e aquela independência em relação às opiniões vulgares com que foi escrita esta obra são um efeito do suave e iluminado governo sob o qual vive o autor.