Isto aqui parece algo como Machu Picchu, uma cidade perdida na selva. Estas palavras são de Arnaldo Madeira, em 1983, então secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano de São Paulo, em visita ao Conjunto Habitacional Santa Etelvina, localizado na atual Cidade Tiradentes, referindo-se ao isolamento da área e à ausência de infraestrutura de transporte naquela região. Essa carência, entretanto, não se restringia apenas ao transporte, desdobrando- se para a falta de moradias, hospitais, escolas, cultura, lazer, saneamento e segurança. Situada na extremidade da zona leste paulistana, a Cidade Tiradentes surgiu como fruto de uma intervenção no espaço da cidade, que vinha sendo delineada pelo poder público, juntamente com a Cohab desde meados de 1960 e que tinha por objetivo criar moradias para o setor da população de baixa renda. Tratava-se de uma política oficial de planejamento urbano sistemático, com o objetivo de racionalizar a ocupação dos espaços da cidade, esta que passava novamente por intenso crescimento demográfico devido à forte corrente de migração interna, especialmente a nordestina.