Este novo livro de Ricardo Peter, dando continuidade à reflexão que tem por objeto a terapia da imperfeição, apresenta ao leitor, em caráter primordial, uma leitura inédita dos Evangelhos, muito embora não tenha em vista propósitos diretamente exegéticos e teológicos, conforme o próprio autor menciona de modo preciso na conclusão do trabalho. Ele delineia aqui uma perspectiva capaz de reportar o nosso acolhimento da mensagem evangélica à luz da misericórdia e da aceitação de si. Por outro lado, Peter descerra, ao mesmo tempo, o caminho para uma consciência antropológica que depreende da angústia de não ser Deus e da rejeição do ser limitado, as mais fortes tendências em negar nossa humanidade e em vivê-la como uma maldição que deve ser ocultada, antes que plenamente assumida.