Manobrar com grande precisão em zonas portuárias é a tarefa do prático, profissional de quem se exige técnica apurada e profundos conhecimentos sobre as condições climáticas e geográficas do local por onde trafega. Contrastando com a sofisticação do trabalho profissional do prático, a regulamentação jurídica do serviço de praticagem portuária carecia de análise mais atenta por parte da doutrina brasileira. Essa lacuna foi suprida pela brilhante obra de Rafael Jankovski, que realiza estudo meticuloso, sistemático e abrangente sobre o tema. O autor não se contenta em meramente explicitar os problemas dogmáticos e as posições jurisprudenciais que o envolvem. Jurista arguto, Jankovski destrincha a controversa regulamentação do setor e decompõe os conceitos da teoria do direito administrativo: tudo para expor ao leitor cada uma das peças que oportunamente serão encaixadas em edifício coerente e robusto. O trabalho detalha as transformações legislativas que o serviço de praticagem portuária sofreu até o advento da Lei nº 9.537/97, que dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas nacionais, e do Decreto nº 2.596/1998, que a regulamenta. A disciplina brasileira também é comparada com diversas experiências estrangeiras, oferecendo panorama amplo e didático sobre o tratamento jurídico conferido ao tema no Brasil e no exterior. O assentamento das premissas dogmáticas é necessário para a identificação dos principais elementos que estruturam o serviço de praticagem portuária no Direito brasileiro. O trabalho abre espaço, então, para profundo estudo teórico que culminará no delineamento da adequada natureza jurídica da praticagem missão dificílima, considerando a trama de direito público e privado que incide na matéria.