Depois da publicação de Origens do Totalitarismo em 1951, Hannah Arendt se dedicou à investigação do marxismo, tema que havia deliberadamente deixado de fora de seus primeiros trabalhos. Sua análise da filosofia de Marx a conduziu a um exame crítico de toda a tradição do pensamento político ocidental, de suas origens em Platão e Aristóteles até a sua culminação e conclusão em Marx. 'A Promessa da Política' nos mostra como Arendt compreende as razões do fracasso dessa tradição em explicar a ação humana.A promessa da política reúne textos inéditos da teórica política Hannah Arendt (1906-1975). O livro, que tem como base dois projetos iniciados pela autora na década de 1950, época em se dedicou à investigação do marxismo, é dividido em seis partes: “Sócrates”, “A tradição do pensamento político”, “A revisão da tradição em Monstesquieu”, “De Hegel a Marx”, “O fim da tradição” e “Introdução na política”. Trata-se de um exame crítico de todo o pensamento político ocidental, mostrando como Arendt compreende o fracasso dessa tradição em explicar a ação humana. “A promessa da política convida os leitores a se juntar a Arendt e aos companheiros de sua predileção numa viagem abrangendo muitas terras e séculos”, afirma o organizador Jerome Kohn, que foi assistente da autora e hoje é diretor da Biblioteca Hannah Arendt. “Durante a viagem, muitos leitores poderão se deparar com julgamentos de que discordam, mas encontrarão certamente muita coisa que diz respeito ao seu país e sua época. (...) Tenho a esperança de que este volume de escritos de Arendt instigará os leitores a levá-la tão a sério quanto ela os leva, pois no final das contas sua necessidade de compreender por si mesma não pode ser separada da nossa necessidade de pensar e julgar por nós mesmos. Seus alunos são testemunhas de que ela acolhia as discordâncias refletidas de seus julgamentos como signos de uma concordância mais geral em renovar a promessa que bate no coração da vida política.” Para Dana Villa, autora de Arendt and Heidegger e Socratic citizenship, “os ensaios e textos reunidos em A promessa da política iluminam as conexões entre as duas grandes obras de Hannah Arendt, Origens do totalitarismo e A condição humana. Suas investigações sobre a tradição da filosofia política ocidental – de seus primórdios em Sócrates e Platão até sua conclusão em Marx – revelam a profundidade dos preconceitos antipolíticos dessa tradição, sua persistente identificação da liberdade com algum propósito ou fim situado além do autogoverno e da liberdade pública. Arendt demonstra, brilhantemente, como a nossa visão habitual da política como um instrumento a serviço da liberdade privada, do ganho material e da prosperidade social, na verdade, faz aumentar os perigos apresentados pelo mundo moderno.” De acordo com o pensamento de Hannah Arendt, a política não tem “fim” algum. Em vez disso, ela foi, em determinados momentos – e talvez possa voltar a ser –, o interminável intento da grande pluralidade dos seres humanos de conviver e compartilhar a Terra numa liberdade mutuamente garantida. Escritas há cinqüenta anos, as palavras e as idéias de Hannah Arendt, em A promessa da política, são consideradas, ainda hoje, pertinentes e relevantes do ponto de vista cultural, social e político.